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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Outra aldeia, mais uma romaria prestes a acontecer. O verão é farto em romarias, nas aldeias as ruas nunca deixarão de estar engalanadas até ao regresso do outono. Atraem os forasteiros, os filhos da terra, não é só a palavra solidão a fazer companhia. A palavra cozinha irá estar sempre presente nos dias vindouros, a preparar refeições para eles. A palavra brisa refresca-os após as noites de folia, a bailarem, até olharem a palavra céu, verem a lua a iluminar a noite. Quantas histórias se escreveriam com as palavras proferidas durante os dias e as noites, de romarias, nas aldeias da minha terra. Palavras alegres, palavras tristes, palavras molhadas, palavras imemoriais, palavras sem fim. Chegará o dia em que as palavras voarão para outros lugares, no ar fica a palavra saudade, antes desta, a palavra adeus, a mais difícil de soletrar. Apertada na garganta é sempre complicado de a expressar. A palavra amor, acelera a palavra coração, acontece sempre no regresso e na partida. No fim de tudo fica a palavra solidão, a fazer companhia aos restantes, à vontade de estar só.

(Este texto foi influenciado no poema Limpa-palavras, escrito por Álvaro Magalhães)