A primavera e a poesia...
A primavera e a poesia nem sempre têm harmonia, renascer nos resíduos do inverno, reunir palavras segundo certas regras, das cinzas do tempo actual, também acontece. Fixar árvores, raízes brancas, pretas, amarelas é uma atitude para a qual se devia ter a percepção na existência da diferença e iguais no viver, o que na inconsciência de alguns continua a ser inflexível. Um dia de viagens e andanças marcado pela esperança, de não perdermos a vontade de termos um lugar melhor para existirmos. Há pouco tempo existia um sentimento de temor pela escassa água armazenada nas barragens, na terra cultivável, percorria o horizonte de todos, até os menos atentos se pronunciavam, agora somos afortunados pela água que cai. A biblioteca ambulante debaixo das nuvens que mais parecem enormes reservatórios cujas torneiras abertas deixam escorrerem toda a água que armazenam, continua na sua missão de levar histórias. Ouço o arrulhar das rolas, a maneira de a natureza transmitir o desanuviar da chuva no princípio da tarde. Não se vê vivalma, a aldeia já tem pouca densidade populacional, e os que restam não se deixam alcançar pela oportunidade de lerem as histórias. Mil e um motivos os levam a evitarem a biblioteca ambulante, mil e uma noites a tentar apreender as causas desta resistência à leitura. Serão necessárias muitas mais viagens e andanças, serão imprescindíveis mais pessoas, serão cruciais mais postos de trabalho. Não faltarão histórias para todos, não faltarão viajantes das viagens e andanças.