A quem queira explorar as histórias
O azul matinal amansou a cor pardacenta das últimas manhãs, as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra rumam para a aldeia da Carreira do Mato, altiva perante o Rio Zêzere mais folgado nesta região. A vista seduz quem por aqui viaja, convida a permanecer, a degustar os sabores do rio e da terra, as histórias ficam suspensas nas mãos dos leitores que as aproveitam no limite das margens, nas sombras das árvores que molham as raízes no curso de água. A pesca e outras modalidades aquáticas são soberanas nestas águas tranquilas de temperatura agradável. A biblioteca ambulante deixa um rasto de histórias nestas estradas de recorte fincado nas impulsivas vertentes. Lá em baixo os barcos flutuam apressados desenhando nas águas círculos que abrandam rapidamente para criar ondas direcionadas às margens nas quais se despedaçam. Na aldeia os enfeites da festa mantêm-se apelativos aos forasteiros, como as histórias protegidas nas suas brochuras coloridas namorando os leitores. É óbvio que quem vê caras não vê corações, por isso é que a biblioteca ambulante abre as suas portas, libertando o seu espaço a quem queira explorar as histórias durante o período de permanência nas suas aldeias. Podem não alcançar imediatamente o pretendido, mas com paciência encontrarão nas histórias o caminho para continuarem a sonhar.