A vida das palavras é dura ...
O sol está receoso, ainda assim, há quem encontre uma débil esperança que o mesmo substitua o agasalho. Aquele abafo necessário às histórias, as mãos manuseando páginas, selando uma de cada vez, indicando o destino, guiando a leitura até ao final. A casa onde as palavras se reúnem após um dia laborioso, esgotadas, com a facilidade que surgem no papel, na indecisão, no desaparecimento inesperado, no renascer. A vida das palavras é dura, até se fixarem definitivamente debaixo do agasalho que as protege. Finalmente, quando conquistam o escritor, perdurarão para sempre no interior da construção usada para morarem. Juntam-se as personagens, os leitores que as visitam, o tempo vai passando, o material onde se deitam amarelece. É a vida a acontecer, são as palavras que mudam pensamentos, fazem sonhar, ensinam, quem se abriga da ignorância na biblioteca ambulante.