A vontade de ler...
Outro dia em que o sol brinca às escondidas nas viagens e andanças com letras, na aldeia do Brunheirinho um cão ladra desde que a biblioteca ambulante estacionou. A carrinha do padeiro passou perto, mais à frente uma mulher aguardava a sua chegada, recebe um saco com pão, ambos desapareceram quando voltei a olhar para o local. Com as histórias não é assim, a vontade de ler não é igual à vontade de comer pão, a biblioteca ambulante não é apressada, aguenta com tranquilidade que as pessoas se façam leitoras, a pouco e pouco acostumam-se à presença regular das histórias nas aldeias. O Neto voltou a estacionar a sua mercearia sobre rodas junto das histórias, sorte a dele, num abrir e fechar de olhos, três mulheres estavam logo ali, com sacos nas mãos esperando para se servirem da oferta dos produtos que trouxe. Aviadas as mulheres, foi-se embora, mais adiante na rua de certeza que outras mulheres pressentiram o roncar do motor da carrinha e o esperavam às portas das suas casas. O cão continua a ladrar, as histórias são estranhas para ele, mas não desconhecidas na aldeia. É hora de partir, outro percurso com destino a outra aldeia na expectativa de que os leitores vigiam a chegada do viajante das viagens e andanças com as histórias para quem as queira levar.