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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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A estrada sinuosa parece não ter fim, de mãos dadas com o rio, a biblioteca ambulante e as histórias vão ao encontro dos leitores. Desatentos ao caminho, encantados por o rio estar a correr cheio de energia, com  as águas escuras e dinâmicas, os dois observam em ambas as margens os choupos molhando as raízes na corrente. As cores amadurecidas das folhas cativam os olhos de quem passa na estrada, brilhando quando o sol consegue cravar os raios fugitivos da tristeza do céu. A ameaça é real, após um dia afastada a chuva está com vontade de regressar, de impedir os leitores de visitarem as histórias. É sempre assim quando há uma fraqueza atmosférica, os leitores acusam uma depressão motora. Por muita vontade que têm de ler, de vir à biblioteca, renovar a leitura, conversar, a chuva é uma porta que os aprisiona nas suas casas. Noutros uma oportunidade de estenderem as leituras após a preguiça que chega sem avisar, de continuarem a sentirem-se aventureiros nas páginas que acolhem palavras e emoções. Os pingos surgiram, sem alvos definidos, acertaram no vidro grande da biblioteca ambulante, não foi preciso muito mais para que a estrada e tudo o resto ficasse encharcado. A inquietude desvaneceu-se com a entrada rápida de uma leitora, escapando à chuva forte, protegendo as histórias num saco, depois veio outro, e mais outro. Afinal enganei-me, estes enfrentam a tarde cinzenta,  abandonaram o lume a dançar nas lareiras, sem intermediário vão directos às histórias, num abrir e fechar de olhos, estão na rua, apertando as histórias, apressados em direcção a casa, ansiando que as fogueiras  não esmoreçam, que as histórias os aqueçam muito mais.

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