Ambicionam viajar nas próprias aldeias
Dia cinzento, quase a chover e colorido nas capas que protegem as histórias no interior da biblioteca ambulante, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, presentes nas aldeias da Barrada e São Facundo. No largo do café Areias não acontece nada, só as nuvens se dissiparam trazendo mais brilho á tarde. As portas do café abertas, assim como as da biblioteca ambulante, mas clientes e leitores nem vê-los, alguns automóveis circulam, transportando gente de olhar ausente ao que as rodeia no largo. O ar refresca-me fazendo com que saia da inactividade que a pouco e pouco me conquistava. A música na rádio não para, um pintassilgo de penugem alegre observa-me empoleirado num pequeno galho de uma planta silvestre. As viagens e andanças têm estas circunstâncias, há sempre algo que torna os itinerários diferentes mesmo que os caminhos e lugares sejam sempre os mesmos. Sou um nómada, não viajo sózinho, tenho as histórias como companheiras e confidentes recorro a elas quando tenho necessidade de distração, de aprender, de continuar a viajar ainda mais. Os atlas, os caminhos traçados nos mapas, continentes, países, cidades, florestas, desertos, rios e oceanos que outros exploraram Marco Pólo, Paul Theroux, exemplos do passado e actualidade. Sendo a biblioteca ambulante um planisfério, todos as rotas traçadas estão disponíveis aos sedentários que ambicionam viajar nas proprias aldeias.