Ambos escrevem ...
O calor é uma cola, é maçador, apesar da copa das amoreiras protegerem a biblioteca ambulante com a sombra. Um trabalhador com o tronco desnudado, coloca numa betoneira, areia, cimento e água. O tambor gira como se fosse um satélite em torno da imaginação do arquitecto que idealizou a construção. O escritor para escrever também tem de girar as ideias na cabeça para conseguir construir a história. Ambos escrevem com ferramentas diferentes, edificando paredes, folhas em branco, criadores de alicerces, de abrigos. O passado e o futuro estão presentes na criação, são a sustentabilidade para se continuar a acreditar na obra do homem. O ar quente interrompe os pensamentos, um leitor entra, ainda bem, é um aparelho de refrigeração para acalmar o ar denso no interior da biblioteca ambulante. O olhar habituado, percorre as estantes, sabe onde pode encontrar a história, gosta de explorar outros lugares, não esteja lá escondido um autor, um título, possam estimular a curiosidade, o que não se encontrava há bastante tempo. A biblioteca ambulante é o sítio mais provável para se chegar a todo o lado. Um espaço pequeno que alberga um vasto conhecimento. Histórias, acontecimentos, maneiras de escrever, disputando leitores, sentirem as palavras instáveis nesta atmosfera fogosa.