Aqui acaba o que não...
O som da televisão chega à biblioteca ambulante, a obscuridade no interior do café não me impede observar um homem sentado com o rosto na direcção da televisão. Num canto, ao fundo do estabelecimento, distingo um vulto sentando, ao contrário do primeiro a sua cabeça está descaída, o sono apanhou-o de surpresa. A luz solar enche o pequeno largo, exceptuando a biblioteca ambulante, um leitor a explorar as histórias, não se passa mais nada. Os enfeites das festas de verão na aldeia, continuam a bailar, misturados com os fios e cabos que permitem as acessibilidades ao mundo exterior. Os bailarinos trajando cores alegres não se cansam de dançar ao ritmo da música do vento a soprar no cimo dos telhados do casario da aldeia. O carteiro chega ao largo apressado, larga a vespa, distribuí a correspondência nas caixas do correio das casas que abraçam o espaço. Este abraço envolve a vida da aldeia, é o sítio de encontros e desencontros, onde tudo começa e acaba. As novidades, os mexericos, onde se compra o pão, onde está a mercearia e o café. O banco onde se sentam os velhos a verem o tempo a passar, onde se deixam as mensagens escritas. Aqui acaba o que não deve ser do conhecimento de ninguém. É o cais para quem quiser partir, escolher diversos destinos. Sem verificação de bilhete e pesagem da bagagem, sem limites para a imaginação. A biblioteca ambulante é a entrada, as histórias são o meio de transporte para conhecerem, sonharem com a esperança. O pequeno largo da aldeia é um plateau onde diariamente acontece um filme.