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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

17.05.24

As aldeias são, ou deviam ser ...


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O dia está com dificuldade e tomar decisões, a incerteza do tempo, as nuvens a passarem no céu, depois chega o sol, sempre cheio de energia. Encaminhará os leitores à biblioteca ambulante, será o dia portador de histórias diferentes. O bairro e tudo o que é circundante transmitem serenidade, à primeira vista não acontece nada. Os sons traem essa impressão, o choro de uma criança, uma mulher a fazer-se ouvir, automóveis que estacionam, outros que saem. As contínuas passagens para a mercearia do bairro, ao estabelecimento de restauração. A percepção será a mesma, daqueles, atrás mencionados, à do viajante das viagens e andanças. Terão conhecimento da permanência das histórias no bairro que habitam, estão cercados nas suas características próprias. Não ouvem as palavras apelando, ali tão perto, não as vêem pousadas na biblioteca ambulante, a voarem sobre os telhados dos aglomerados de prédios. Ainda não perceberam que mais vale uma história na mão que duas a voarem. O dia continua, as histórias deixaram o bairro e as suas pessoas na ofuscação da sua exclusividade. No campo, as nuvens continuam a atravessar o território das aldeias da minha terra, ainda não vi ninguém, ouço o canto das pequenas aves a sobressair. Continuo a unir letras umas às outras, a procurar vislumbrar no meio da floresta de eucaliptos à minha frente, depois de um extenso relvado, de umas casas pequenas, matéria para transformar em palavras. Quando surge uma clareira no céu, os raios do sol atingem-nos de tal modo, ferindo os meus olhos, modificando a cor da floresta de eucaliptos, do relvado, das paredes brancas das casas pequenas. De um momento para o outro brilham como as jóias de um tesouro. As aldeias são, ou deviam ser conjuntos de bens valorizados pela sua importância cultural. Parece que o dia acorda de uma vez por todas, e se levanta para animar as pessoas. Eliminar as dúvidas sobre a presença da biblioteca ambulante, em lugares impensáveis, na cabeça das pessoas, que julgam ter as suas vidas definitivamente arrumadas, por optarem viverem nas aldeias. Não é bem assim, a biblioteca ambulante pode continuar a ser guia noutras viagens emocionantes, basta espreitarem das suas casas, a rua. As histórias estão lá.