As histórias não se cansam
Não me lembro do último dia em que a chuva conviveu nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, com as pessoas, com as histórias. Desde madrugada está presente neste território, intervaladamente cai, com violência, com tranquilidade, afasta-se, volta outra vez sem se cansar. Uma exígua esperança paira nas gentes das aldeias, os terrenos agrícolas voltam a ter água, mas não chega, para devolver o que a seca arrebatou, teriam de ser muitos os dias ou meses de vida em comum num ambiente de grande quantidade de água. Na aldeia dos Casais de Revelhos, as nuvens que sobrevoam a biblioteca ambulante são demasiadamente gordas, de várias formas, de duas cores, cinzento e branco, lentamente vão, não sei para onde, para outras aparecerem, encobrindo o sol. Um pano verde, daqueles que se colocam ao redor das oliveiras, está enrolado num pequeno terreno, ali estão umas quantas árvores cujas ramagens estão à disposição dos paus longos e delgados, e serem vergastadas até os seus frutos pendurados serem eliminados. Outra monda se inícia, foram as vindimas no final do verão, agora é a azeitona no princípio do outono, as estações avançam, as viagens prosseguem, as histórias não se cansam.