As histórias podem esperar
Na aldeia do Souto só o ruído proveniente dos ramos das árvores impelidos com violência pelo sopro do vento se ouve. Nem de perto, nem de longe se vê alguém, quem transita pelas ruas da aldeia, como a biblioteca ambulante, devagar, com o viajente das viagens e andanças a olhar de um lado para o outro, sondando. Um caçador de leitores, perscrutando ruelas, as quinas, os recantos da povoação, percebendo que o frio desta vez vai ganhar, ainda por cima, uma massa considerável de nuvens, mais parecem uma grande muralha intransponível, se aproxima rapidamente, tapando o sol. A escassa temperatura enviada pelo sol extinguiu-se, o ar gelou e uns pingos de chuva rompem dos montes celestes. Os onzes graus centígrados não demovem aqueles que colhem azeitona, das oliveiras assentes nos socalcos íngrimes com vistas para o rio Zêzere. A terra é que manda, as favas, as couves, alface, alho françês, cenouras, nabos, nabiças, plantadas e semeadas. No intervalo, durante o crescimento no solo e subsolo, andam ocupados com outras culturas agrícolas, libertam o azeite, a água pé, prestam atenção às nogueiras aos castanheiros. Não há tempo para as histórias, nem para eles mesmos. Na aldeia das Fontes a noite cai, na Tasquinha d' Aldeia, agrupados alguns aldeões, olham para a televisão que transmite o jogo de futebol entre o Rosenborg e o Sporting, ao mesmo tempo dão goles sôfregos nas garrafas de cerveja. As histórias podem esperar!