As histórias podiam ser as metas
O desalento do início do dia, não irá depreciar as histórias nos leitores mais logo nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na aldeia do Vale de Açor a tarde não conseguiu livrar-se da sua tristeza, para o viajante das viagens e andanças, não se estava mal defronte da lareira, cochichando um pouco, lendo outro tanto, até se fazer noite. Mas em primeiro lugar estão os leitores e as suas aldeias, há que continuar a acreditar dando histórias com a biblioteca ambulante a fazer de embaixadora do território que a outra, a biblioteca António Botto alcança. Foi no desempenho da sua diplomacia que o Gregório foi o primeiro leitor nesta tarde tão cheia de melancolia, quebrada pelo chilrear da passarada, advinhando não sei ainda o quê. O café oferecido, provocou o desentorpecimento que me afecta, deu vontade para prosseguir com as histórias até à aldeia das Bicas. Uns pingos de chuva, parecendo as cabeças dos alfinetes a espetarem o vidro dianteiro da biblioteca ambulante, desprendem-se lá do alto das nuvens. Em São Miguel do Rio Torto, a sua intensidade aumentou, a biblioteca ambulante, parada no largo tem o vidro cheio, parece uma parede de pedra miúda. Estas contrariedades meteorológicas não têm sido impeditivas de surgirem leitores, no largo onde as histórias permanecem não se vê ninguém, só os automóveis atravessam este espaço folgado, a velocidade não é a recomendada, alguns são setas que passsam ao lado do alvo. As histórias podiam ser as metas destas armas de arremesso, só quem as dispara não tem pontaria ou melhor não as vê.