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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Na aldeia da Concavada o ruído ensurdecedor das roçadoras a eliminarem as ervas nos passeios destaca-se de todos os outros. A temperatura primaveril está arrojada nesta tarde de inverno, nas viagens e andanças com letras. Um casaco qualquer vestido, transforma-se num pesadelo infernal. Será terrível para as árvores de fruto, se, com este impulso meteorológico, iniciarem uma floração precoce. Sempre com a previsibilidade da descida da temperatura, no mês em que nos encontramos, a floração, antes do tempo morre, não haverá mais frutos destas árvores no ano corrente. Uma preocupação para todos aqueles que as possuem, são histórias incompletas, perdidas no meio das folhas, próximas, de outras que souberam esperar pela altura certa. Hoje a biblioteca ambulante ganhou uma nova leitora, estava longe de prever tal acontecimento. As mulheres estão em maioria na leitura, nas aldeias da minha terra. Homens leitores são raros por aqui, um caso de estudo para breve. A tarde soalheira abriu as portas das casas, a novidade, da presença das histórias na aldeia, entrou rapidamente, um ar agradável, a limpar a humidade instalada nas paredes, a empurrar os habitantes para a rua. No Pego um estendal da roupa agoniza debaixo da roupa a secar, o sol do inverno, é um secador natural das palavras recém escritas, das palavras pronunciadas. Fixador da motivação nas pessoas, no contentamento na leitura.