Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

IMG_20240516_105009.jpg

Na rua, as mulheres atravessam-na, como se tivessem todo o tempo disponível do dia para percorrem a pé, o arruamento que termina no miradouro, situado sobre uma das extensões do rio Zêzere. Uma paisagem deslumbrante a perder de vista. Até lá, a correnteza de casas, algumas, simplesmente, com gente nas férias de verão, vêem as mulheres a palmilhar a distância. Uma delas apoiada num pau comprido, comanda a caminhada, a outra, ficou para trás a dar dois dedos de conversa, a uma condutora de um automóvel que parou para a ouvir. Na Aldeia do Mato, o tempo corre devagar até ao verão, depois, deste entrar, até à sua despedida no regresso do outono, o estado das actividades na aldeia é mais animado. Com a romaria anual, regressam muitos dos filhos da terra, os banhistas frequentadores da praia fluvial, despertam as águas adormecidas. Todos agitam o lugar entorpecido nos meses da invernia, trazem sorrisos rasgados à rua, incendeiam os que cá estão, as velhas e os velhos, com manifestações de boa disposição. A leitura por aqui, há uns tempos atrás, foi mais dinâmica, actualmente é fraca. Assemelha-se à manhã de hoje, fria, com vento. As palavras voaram com a ventania, rodopiando para sempre na memória daqueles que partiram. O céu está toldado, não é a embriaguez, muitas vezes à solta nas aldeias da minha terra, abandonada nos organismos humanos, nos seus aspectos físicos. Controlados pelo álcool ingerido diariamente, combustível, que os movimenta, os põe a terem vida, a sonharem, com o quê? É a chuva novamente a querer fazer ver, a presença da biblioteca ambulante na aldeia de Martinchel, nas outras aldeias das viagens e andanças. As palavras nas histórias, são a precipitação necessária para evitarem a ausência prolongada de outras cheias de dinamismo social. Podem desequilibrar as rotinas, a resistência às novidades, evitando assim as pessoas de percorrerem um longo caminho cheio de solidão.

2 comentários

Comentar post