As vindimas iniciaram-se ...
O sol conseguiu demover as nuvens que pairavam teimosamente em cima da aldeia do Souto. O brilho abriu a porta, encaminhou um pequeno grupo de mulheres para o meio da rua, a conversa entre elas ecoava pela aldeia. Quando se afastaram foi a vez de ouvir os pássaros iniciarem um concerto no coreto da aldeia, a música melodiosa é dirigida pelas asas do vento agradável. Este é interrompido pelo som do relógio da torre sineiro a bater as onze horas, os músicos no coreto desapareceram rapidamente, voaram, penetrando no mundo infinito das páginas das histórias. Deixei de ouvir a música, regressaram os sons naturais da aldeia, vozes indistintas, latidos dos fiéis amigos, um galo a cantar fora de horas. O ruído comum de alguém a manejar uma ferramenta de trabalho, o rumor prologando do silêncio, o mais ensurdecedor de todos eles. A manhã caminha para o final de um mês cheio de tudo o que foi emoção nas aldeias. O regresso dos filhos da terra, as romarias, a reunião das famílias. Daqui para a frente os dias serão de lembranças afectuosas por aqueles que se ausentaram novamente. As vindimas iniciaram-se nas aldeias da minha terra, a biblioteca ambulante cruzou-se com um veículo agrícola transportando baldes cheios de uvas. Já colhi uvas, tirar os cachos com a ajuda de uma tesoura para o efeito. Avançando devagar ao longo das videiras em linha, como se estivessem numa parada, no quartel, formadas para uma revista minuciosa. Separam-se histórias crescidas, maduras, para se experimentarem após a fermentação, da agitação que é escrever uma história. São vinhos com história, com passado, testemunhos das memórias daqueles que as plantaram na terra, ou escreveram nas folhas limpas de tinta.