Capturam as histórias ...
Envergonhado, o sol, lá apareceu para dissipar as brumas e aquecer um pouco as aldeias da minha terra. Duas mulheres disputam entre si os mexericos importantes que cada uma tinha a revelar, depois de alguns dias afastadas do escasso meio social da aldeia. A chuva, a colheita da azeitona, ocupou grande parte da semana que passou, impediu os aldeões de se concentrarem uns nos outros. A tarde acanhou o sol, o frio nas aldeias do norte faz com que o fumo se escape pelas aberturas das chaminés, isoladas no topo dos telhados expressando altivez. Capturam as histórias, a solidão, os costumes das aldeias, as conversas nas noites longas do inverno, as palavras escritas nas lareiras, cozinhadas nos fornos a lenha. Transferido-as para um meio ambiente poluído, pelo esquecimento e pudor das maneiras de viver num interior de fraca densidade populacional. A chuva regressou por breves momentos e voltou a desaparecer, foi uma visita como a dos filhos das aldeias quando regressam nas férias, e ao fim de semana. A biblioteca ambulante é a chuva aguardada por alguns, traz a esperança, deixa a saudade.