Coabitar com o piloto
Ás portas da aldeia de Alvega, uma cegonha sobrevoa baixinho na descida para o seu ninho, quase toca na biblioteca ambulante. Vem-me à memória os aviões quando procedem às aterragens no aeroporto General Humberto Delgado, por pouco alisam o topo dos edifícios mais altos. As asas bem esticadas, com as patas posicionando-se na abordagem à sua habitação. No Largo da Praça da República, a tarde cinzenta não traz novidades, a chuva contínua fraquinha, mas abundante para empapar quem percorre o local sem protecção. Os livros protegidos nas estantes, apoiados nas suas prateleiras a coabitar com o piloto da biblioteca e companheiro nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, aguardam a vinda dos alveguenses.