Colhem frutos
As árvores não param de dançar, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, a biblioteca ambulante, uma árvore cujas raízes se vão propagando por um vasto território onde histórias são frutos. Haja quem queira vir ao quintal, apanhar os frutos, saborear, interiorizar os paladares, dar a provar a outros, aos indecisos, aos que dizem que não gostam, aos que nunca foram. Experimentem cheirar a fruta, descascar, retirar um gomo, até mesmo um pedaço, mastigar sentir o suco a espalhar-se ao mesmo tempo, as histórias são assim, quando se lê a primeira. No início abram-na, coloquem as narinas perto das folhas, um odor a tinta e papel sobressai, ler um capítulo lentamente, perceber a mensagem de quem escreve, se for necessário volta-se ao princípio para se ter a certeza que se gosta, penetra-se na história, as emoções, é um personagem da história, tem simpatia por algum deles. Depois, aptece mais, quer mais, continuará até ao fim. Na vila do Tramagal, no largo onde a biblioteca itinerante se demora, ouço o rumorejar das folhas dos plátanos, os seus ramos compridos tocam-se, num acto de socialização. Na biblioteca itinerante, pequenos e graúdos comunicam entre si, com as histórias, colhem frutos.