Com vontade de repetir
Brilhante e cinzenta, são as mudanças da tarde nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Aparentemente estão ausentes na aldeia da Chaminé, só os cães se ouvem ladrar, um ou outro cacarejar, num qualquer quintal, arquitectado nas traseiras das casas baixas que ladeiam as poucas ruas da povoação. Perfeitos paraísos privados, com água no poço, preenchidos por canteiros de flores, de hortaliças, completados de pequenas capoeiras, que asseguram emergências e sustento doméstico. Quase a terminar a viagem, às portas da aldeia da Água Travessa, ainda se colhe azeitona, espalhadas ao redor das oliveira já varadas, as sacas gordas estão prontas para serem esmagadas no lagar, aguardam a vez de serem transportadas por braços fortes e depositadas nas carrinhas de caixa aberta. Quem não apanha azeitona, recolhe histórias na biblioteca ambulante, espreme as letras, incorpora os sabores das narrativas, ficam de barriga cheia, com vontade de repetir.