Continuarão pelas aldeias
A chuva voltou às viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na Aldeia do Mato a manhã tingiu-se de cinzento, na rua quem passa, caminha com ritmo acelarado, abeiram-se da biblioteca ambulante, sem entrar, lá vão, protegidos pelos guarda-chuvas vergados pela acção do vento, com os braços ao redor do corpo, como que num longo abraço, a tapar o frio que se faz sentir. As histórias desanimadas nas estantes, por não terem quem as venha arrancar da sua inércia, têem confiança de que algo de bom ainda possa acontecer. Apesar de ouvir o soar das onze horas no relógio da torre da igreja, continuo a não vislumbrar ninguém, preparam o almoço, aquecem-se nas lareiras, trabalham, partiram. O vento desenvolve a sua energia, os sussurros confusos que traz, são de desalento, de abdicação, de alentar o fracasso, como escreveu o poeta - dos fracos não reza a história - . As viagens e as histórias continuarão pelas aldeias da minha terra, trilhando caminhos, contornando obstáculos, aliciando curiosos e leitores, com recursos inesgotáveis para os aldeões, procurando sempre levar, dar e fazer acontecer numa reunião de conhecimentos.