Danças com histórias
Está difícil de construir uma história hoje, com o pensamento aprisionado numa manhã melâncolica, sem viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Assim estão também as histórias na biblioteca ambulante, retidas, sem poderem abrir páginas, e mostrar as composições escritas. À minha volta dançam através dos movimentos diários de quem trabalha numa biblioteca, dedos que não param quietos no contacto com as teclas do computador, olhos colados nos monitores, pausas para leituras em diagonal para atingir indexações. Coreografias no arranjo alfabético nas estantes das histórias lidas pelos vários leitores, muitos são os autores, uns mais favoritos que outros, assuntos que não se encontram em nenhum lugar a não ser na biblioteca. O bailado continua no apoio aos utilizadores, os indecisos, os que precisam mas não encontram por muito que os olhos vêem e não vislumbrem. Aconselhar leituras, são passos de tango, entre quem pede e quem orienta, necessitam de muito treino e experiência para não comprometer. Danças com histórias a acontecer diáriamente nas bibliotecas públicas.