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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

 

 

Há algum tempo que a folha está em branco, quem não sabe, e vê um tipo sentado a olhar para uma pequena máquina pousada em cima de uma mesa, quieto, possivelmente distante do lugar onde está. À sua volta circulam pessoas, entram, saem, o ruído que se faz ouvir não o perturba, continua estáctico tal e qual uma estátua humana, daquelas que se vêm nos largos e praças, umas até se assemelham a esculturas de bronze, é impressionante o rigor da caracterização destes artistas que estão longas horas sem se mexerem. Assim continua o indivíduo defronte do seu computador pessoal, naturalmente, sem artifícios de maquilhagem, murmurando algo imperceptível, - o google está errado - Ao redor quem ouviu as palavras pronunciadas entre dentes, ficou com o rosto estampado num grande ponto de interrogação, ao mesmo tempo admirado pela frase proferida. É que ao pesquisar no motor de busca do google a frase – o google está errado – surgem umas quantas opções de pesquisa de erros no google. O sol tinha superado o seu ponto mais alto e o sujeito mantinha-se no mesmo lugar com a cara chapada no monitor, encarando a folha em branco. Muitos que o viram naquela prostração, quando o mesmo sol que agora está possante, ainda estava desanimado, mostraram perplexidade pelo comportamento contrário ao desempenho de alguém concordando com as normas comuns. Ocupava uma cadeira, uma mesa onde um computador limitava o espaço, só isto, não havia louça usada por ter bebido um café, uma água, como é possível que alguém aguente tanto tempo a olhar para uma folha em branco num monitor. Não escreve, nem uma letra, nem uma palavra, nem uma frase, parece impossível não conseguir construir um texto que seja. Ao menos colocar sinais de interrogação, já que não sabe o que quer escrever, ou então para terminar com isto imediatamente, pressionar com o dedo na tecla do ponto final. Acabou! Afinal ainda continua, só que desta vez e após longas horas visando a folha em branco no monitor, escreve – o google está errado – claro que está, continua escrevendo a mesma frase, - o Google está errado – a fita corretora desapareceu da posição inferior da palavra Google na qual a sua primeira letra está escrita em maiúsculas.

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