Desafio dos pássaros#9
Não me recordo onde estive, onde estou, sempre fui nómada, o tempo de paragem sempre foi curto. Muitos lugares, uma multidão espalhada como grãos de areia, quase nada. Continuo bambaleante, não estou ébrio, sinto-me só esquisito, espoliado, estou nu. Despido das histórias que sempre me cobriram, que me ensinaram, que me deram asas à imaginação, que me desenvolveram, que me deram um ofício. Que vaidoso eu era dando as histórias, tantas vezes nos mesmos lugares, às mesmas pessoas que nunca se cansavam de se vestirem com histórias novas, do nada surgiam outros, ouviam que alguém tirava a nudez aos iletrados, que nunca ou quase nunca tinham vestido algo tão bom, que os protegesse da apatia, da indiferença. Estremeço, abro os olhos envolvendo o que me rodeia, está tudo na mesma! Não, estou com mais força, com mais vontade para nunca ficar descoberto nos sonhos.