Desejo de aprender mais ainda
Desafiando o calor, a biblioteca ambulante ruma na direcção das aldeias da Chaminé e Água Travessa, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Atravessando a ponte que permite a transposição sobre o rio, olhando cá de cima, as suas águas voltam a subir, os dedos das mãos dos homens que o amansaram empurraram o botão, transmitindo á barreira que o detém que se feche. O contrário também foi efectuado, e num abrir e fechar de olhos as águas quase se sumiram por completo. A subida do nível das águas é penosa, a agonia daquela que foi a mais longa via fluvial a percorrer o país é visível, a quem por aqui passa. Quando a normalidade artificialmente estabelecida das águas estiver concluída, a montante forma-se um espelho de água, alargando-se o mesmo até ao obstáculo que trava as águas. Sobrepõe-se a imagem de um rio na sua melhor vitalidade, afogando-se o momento menos bom do rio. Afogam-se os gritos de revolta, os lamentos a insatisfação dos peixes, por melhores condições aquáticas, mais liberdade para nadar, águas livres de poluição e mais transparentes, evitando as desigualdades e privilégios entre os cardumes nas condições de vida e ao desenvolvimento das suas espécies. A juzante, depois da barragem o rio emagreçe, até perder de vista. A leve aragem foi uma surpresa, sacudiu o ar bafiento instalado, a terra amarela reflecte o brillho do sol, ferindo a vista. Volto novamente á estrada, em Água Travessa as histórias são esperadas por quem tem por elas uma companhia e desejo de aprender mais ainda.