Dia da Espiga
Outra tarde de calor, mágoa é palavra para esquecer nos próximos meses nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, perante os dias tórridos que nunca mais acabam. O corpo habitua-se, só no início se demora a entranhar esta desordem climatérica. A biblioteca ambulante nesta Quinta Feira de Ascensão, por agora demora-se na aldeia do Souto, popularmente esta quinta feira é denominada por dia da Espiga. O costume de ir ao campo colher espiga de vários cereais, flores silvestres e um ramo de oliveira, atados por uma palha, formando um pequeno ramo, seguindo a tradição de colocar atrás da porta o ano todo até ser substituído. Por aqui, talvez fossem ao campo de manhã, normalmente nos dias de hoje são as escolas com os seus alunos que organizam estas romarias, lembrei-me agora, que nesta aldeia a escola cessou a função de educar, as poucas crianças que ainda residem na aldeia, frequentam a escola noutra aldeia aqui perto. As histórias prosseguem, penetrando na freguesia das Fontes, no lugar de Sentieiras do Souto, tendo o rio Zêzere como apaguizador do tormento irradiado pelo sol. Já na aldeia das Fontes, além da biblioteca ambulante com as histórias, outro veículo abastece o café, bebida levemente alcoólica, cerveja, impulsionadora quando bebida em demasia de histórias. Histórias estas contadas e recontadas cada vez que tropeçam nas memórias dos intervenientes. Histórias alegres e tristes semelhantes ás da biblioteca, que dão vontade de rir e chorar.