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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Duma mirada

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O verão foi ali e já volta, assim impõe a meteorologia nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Tarde excelente para viajar na biblioteca ambulante pelas aldeias de Casais de Revelhos e Mouriscas a levar e dar histórias, não fosse o viajante das viagens e andanças no trajecto na Av. António Farinha Pereira (EN2), deparar outra vez com enormes árvores decepadas. Desta vez abatidas, foram as generosas pinheiras, nunca mais as suas sombras protegerão quem  caminhe por lá, ou mesmo circulando de automóvel neste trecho, que foi ladeado por formas de vida, referências patrimoniais deste local. A causa terá sido as suas extensas raízes, que se projectavam debaixo do asfalto da estrada ( talvez?), certamente a engenharia actual tem maneiras de ultrapassar esta extravagância das árvores, sem as destruir. Aconselho a leitura da história da Vida secreta das árvores escrito por Peter Wohlleben, e de uma vez por todas aprendam, frequentem bibliotecas, informem-se de como podemos conviver com diversas formas de vida sem nos livrarmos das mesmas violentamente. Aproveitem a correria das bibliotecas ambulantes pelas aldeias, no interior do país, onde estão as nossas raízes, a origem do que somos hoje. Em Casais de Revelhos houve histórias que partiram termporariamente, foi um leitor que as levou, iam seguras nas suas mãos, com tanto para lhe transmitirem. Na aldeia das Mouriscas as rabanadas inesperadas do vento atingem o toldo da biblioteca ambulante com ímpeto, as folhas dos jornais abrem-se de par em par, como se alguém que me escapa á vista cobiçasse todas as letras duma mirada.