É nestas incertezas
As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, voltam após uns dias em que a biblioteca ambulante esteve cercada por técnicos que a recuperaram de umas irregularidades mecânicas. A viagem de hoje será estendida até às aldeias do Vale Zebrinho e Arreciadas, a curiosidade do viajante das viagens e andanças é grande quando estiver diante do vale, será que as árvores de folha caduca estarão sarapintadas com as cores quentes, os dourados, os encarnados, os castanhos, que pintam a depressão natural encaixada nas charnecas. Afinal as ventanias dos últimos dias levaram as folhas, as árvores estão nuas, só a planície verdejante sobressai, atraíndo os rebanhos. Os ribeiros recuperaram a alegria, as suas águas correm nervosas, sem saber ainda por quanto tempo cobrirão os leitos, ou se os voltarão a encher outra vez. As casas da aldeia banham-se no que ainda resta do sol, está de partida deixando os aldeões agradecidos pelo abraço generoso e quente dos seus raios. As histórias aproveitam a luminosidade, para também elas se destacarem das sombras da iliteracia, dos que querem desistir, dos que não querem aprender, dos que não querem perceber, dos que não sabem o que querem. É nestas incertezas que todos os dias a biblioteca ambulante avança, conquistando aqui, ali, acolá, nas aldeias por onde se demora, leitores, confidentes e amigos.