Empurra para poucas horas de sonhos
Por atalhos, como se de uma todo o terreno se tratasse, a biblioteca ambulante nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, alcançou a aldeia do Tubaral. Obras necessárias de requalificação na estrada municipal forçam o desvio, no largo S. João de Brito, na sombra de uma laranjeira, duas mulheres e um homem espreitam a vinda da padeira, suplantei a sua carrinha, estacionada no Monte Galego, numa rua cheia de mulheres segurando sacos ao seu redor. O sol está insolente, todavia o sopro do vento é doce e fresco, mais mulheres aproximam-se das histórias, embora não sejam objectivo de interesse. Apoiadas em bastões, caminham lentamente, na cabeça o chapéu que as protege da impetuosidade dos raios solares. Escassos leitores abundam nesta aldeia, ousam ler o jornal que o viajante das viagens e andanças lhes oferece, pouco mais, exceptuando um ou dois sem vergonha que levam histórias. A padeira aparece buzinando interruptamente, encurralada desapareceu pela cobiça do pão, as histórias aqui fracassam perante o alimento. é curioso que esta mulher que todos dias se levanta de noite, vinda dos lados da cidade de Tomar, é leitora da biblioteca ambulante, de vez em quando, caso lhe dê a vontade, leva uma história que a empurra para poucas horas de sonhos.