Escrita ruidosa ...
Há vida na charneca, a terra traz à tona, água, um tinteiro cheio, emergindo, escorrendo por linhas esquecidas pela escassez de letras. Voltar a reescrever nas páginas ressequidas foi rápido a partir do momento em que a terra aparou e sugou esta abundância, não há mata-borrão que consiga estagnar estas palavras. As letras soltaram-se, uniram-se apalavrando a charneca e as suas gentes, a água não para de correr, a preencher cadernos em branco, poços de memórias, de segredos. Diários de uma vida, que se esvaziaram com o tempo, sedentos, deixaram entrar a torrente, as lembranças dissipadas pela ganância dos homens. Escrita ruidosa, apressada, rasgando a terra a fincar a mensagem, armazenando pensamentos no fundo da terra d' água.