Esta doce apatia
Fui tolhido na preguiça da tarde na aldeia do Brunheirinho, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. As colunas de fumo das queimadas, os sons morosos dos animais, as vozes que se ouvem ao longe, como se partissem, a cor parda estabelecida, toda esta doce apatia transforma os aldeões. Um recolhe as ovelhas, na horta uma mulher colhe erva para alimentar os coelhos, noutra parcela um homem apanha couves, sem pressas, envolvidos neste entorpecimento. Só a biblioteca ambulante desafina, com as suas cores alegres, as histórias cobertas com capas coloridas, de vários tamanhos, letras pequenas, grandes, gordas. Com muitas e poucas páginas, ilustrações que são personagens, animais que falam, casas que andam, plantas que choram. Finalmente um rebanho acampa vigiado por três grandes cães, tendo um deles activado o seu instinto quando a aproximação do viajante da biblioteca.