Estranhei estas criaturas ...
Vi uma raposa atravessar a estrada, uma seta disparada pela besta de Guilherme Tell não levaria mais velocidade. Acabou por se camuflar após entrar na charneca, não há vinhas, muito menos uvas às quais possa retirar alimento, a amizade com a cegonha terminou, surgiu não sei de onde, ou assumiu-se como um corpo visível em movimento, escapada de uma história. Então sou eu que estou num qualquer universo fictício, daqueles usados nos romances. Um mundo imaginário conduzindo a biblioteca ambulante, transporto pessoas em vez de histórias. São elas as requisitadas, neste mundo de fantasia repleto de animais falantes e leitores. Lêem a história da pessoa que solicitam na biblioteca ambulante, aprendem como se vive no mundo real. Estranhei estas criaturas, muitas conhecidas das histórias, comunicando nas bolhas, nas linhas invisíveis das páginas dos livros, com o passar do tempo percebi não terem nada semelhante com as personagens representadas nas histórias. São actores e actrizes, produzidos por criadores fabulosos, com características humanas, transmitindo moral. Preferem que as deixem em paz, evitam situações de conflito, têm liberdade. Regressei à biblioteca ambulante, a que leva histórias, há muito que a raposa se foi, preocupado por os animais silvestres não mererecerem mais atenção, basta a que têm nas histórias.