Festas simples para gentes ...
O coreto na aldeia do Souto enfeita o pequeno largo, relembra aos insensíveis, a importância que tiveram estas estruturas nas povoações do interior do país. Ao seu redor, escutavam e bailavam debaixo do som das bandas filarmónicas, dos acordeonistas a tocarem sem pararem música tradicional. Festas simples para gentes sem complicações, trabalhadores rurais descarregando emoções, e canseiras de meses de trabalho do nascer ao pôr do sol. Aqui as pessoas tiram vantagem da frescura do inicio do dia para beberem o café na pequena esplanada, irem à mercearia, ao pão. O verão chegou, vai trazer os filhos e os netos da terra, com eles vêm outros a reboque, o rio a correr lá em baixo vai recebe-los nas suas águas temperadas num abraço cheio de saudade. As aldeias encetam os preparativos para as romarias anuais, na Atalaia o arco enfeitado atravessando a estrada de um lado ao outro é o primeiro sinal para a festa que vai acontecer. No arraial já está preparado o minúsculo espaço da Sagres, onde muitos irão matar a sede, afogarem desgostos, enxotarem desgraças, e celebrarem alegrias, o São João. As lâmpadas coloridas no alto cruzam a totalidade da área do arraial. Há no ar uma agitação incomum, os próximos dias vão ser os melhores dos restantes que aí vêm até à próxima viagem a transbordarem felicidade. A tarde surpreende-me com o vento leve a entrar na biblioteca ambulante e a trazer fôlego ao viajante das viagens e andanças. Seria bom que acontecesse o mesmo aos leitores, encorajando-os a saírem de suas casas, sequiosos por palavras frescas, asfixiarem-se nas páginas das histórias, expulsando infortúnios e demónios, a enaltecerem a leitura.