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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Na aldeia do Souto a manhã caminha sozinha, não vejo pessoas na rua, de mãos dadas com a aragem fresca, no sítio onde as histórias estão abrigadas dos raios do sol. Há que aproveitar ambas, daqui a pouco o calor vingará quem ousou partilhar os primeiros momentos do dia com o frescor matinal. As histórias não vão ficar na aldeia para sempre, voltarão quando o mês de Agosto for dividido, com a chegada dos que estiveram de férias, por aqueles que as iniciarão precisamente nesse período do tempo. Finalmente surge alguém, um homem a empurrar um carro-de-mão, transporta algumas ferramentas úteis no seu trabalho. Talvez eu possa fazer o mesmo com as histórias, impelindo-as dentro do carro-de-mão, batendo porta a porta, nas ruas da aldeia. Voluntariando-me, usando as minhas ferramentas para fazer alicerces, construir lugares defendidos das solidões. Firmar sonhos, estabelecer hábitos eficazes no crescimento social da comunidade. Cimentar, com a colher de pedreiro, as memórias, de cada um, as paredes, com palavras de esperança. Protege-los das intempéries debaixo de folhas cosidas, de papel, sustentadas por capítulos de conhecimento. Telhados duradouros, vigas inquebráveis à passagem do tempo, as histórias são abrigos, sujeitos a condenações, a críticas, a reprovações ideológicas. Demasiados esforços de flexão amparados pelas bibliotecas, pelos leitores, nas palavras perpetuadas nas páginas da literatura.