Gente que não se reconhece ...
A chuva não abrandou, o rio de palavras continua enredado pelas aldeias da minha terra, afortunados são aqueles que a recebem. Aos poços que a recolhem, a água não lhes faltará, cheios, reflectirão as palavras que estão por ler, histórias mal contadas, vidas amarguradas pelo trabalho excessivo no campo. Rostos marcados pelo sol, mãos fendidas acostumadas à suavidade das páginas das histórias que os equilibram dos direitos que não lhes são atribuídos. Gente que não se reconhece demasiadamente, sábios nas suas aldeias, contadores de histórias antigas, experiências individuais evidenciadas pela oralidade. Um rio cujas margens estão unidas pela ponte que acelerou a biblioteca ambulante de uma margem para a outra, viagens sem fim. Aventuras interpretadas por incontáveis personagens invadindo a imaginação dos leitores.