Há momento em que ...
Há momentos em que o vento levanta a voz, repreendendo o lugar, matreiro solta o cabelo às mulheres, impele e trava os que andam na rua dependendo o sentido que tomam. Agita as folhas secas no chão, fazendo-as rodopiar como as bailarinas no palco. Chama as nuvens, leva tudo à frente, está endiabrado, não o sentia assim há muito tempo. Ao contrário, estão os leitores, preguiçosos, não querem reclamar, saber das histórias novas. Desabafarem da afronta do vento a bater-lhes com força no rosto, despertando-os para se dirigirem à biblioteca ambulante. Além disto, o habitual, onde as histórias estão estacionadas, não se passa mais nada nas viagens e andanças. A cerveja continua a sair em direcção à esplanada do café, onde as vozes roucas estão sempre como o vento está hoje. Os automóveis a transitarem, apressados, vagarosos, levando, trazendo pessoas. A biblioteca ambulante destaca-se de tudo o que o bairro tem, nem assim consegue atrair um leitor, um curioso que entre para tentar saber do infortúnio do vento estar hoje violento.