Histórias emergem no ...
As azeitonas estão pretas nas oliveiras, o fumo das chaminés foi denunciado pelo odor que não deixa ninguém indiferente. A tarde amena não aguenta o fogo da lenha a arder nas lareiras, o frio não se impôs para tamanha ousadia neste outono chuvoso. Os ossos dos velhos não resistem à queda das folhas, eles e as árvores necessitam de energia, à noite a determinação da temperatura não é a mesma, persuadindo o frio a despertar. As lareiras passam a ser as rainhas das habitações nas aldeias, lugares de reunião nas noites compridas. Contadores de histórias emergem no calor do fogo, com as fagulhas quentes nas pontas dos dedos as histórias agasalham quem ouve. O frio desaparece, de rostos vermelhos, e olhos brilhantes, incorporam o que lhes é dito, mouras encantadas, bruxas, lobisomens, lugares com história. Todas as aldeias os têm, os homens que as construiram desaparecem com o tempo, alguns resistentes ainda cá andam, gente para ouvir é que não.