Histórias narradas noutro tempo (revistas e corrigidas)
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Não é a primeira vez que escrevo sobre o local, até onde a vista me permite alcançar, do lugar cujo itinerário das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra me trouxeram. Refiro-me à pequena aldeia da Bairrada, situada na freguesia das Fontes. Há mais de cinquenta anos atrás, certamente de onde estou estacionado com a biblioteca ambulante, não conseguiria ver o rio Zêzere, o seu leito corria selvagem lá bem no fundo. Através da acção do homem, o rio cresceu, tornou-se num gigante, criando em algumas zonas do seu trajecto grandes barrigas de água. Nas matas ao longo das suas margens, não se veriam os dispersos pontos alaranjados que se avistam hoje. A própria aldeia terá actualmente uma vintena de casas, pouco mais teria do que agora. Apesar de ter potencial para se modificar, continua adormecida, não conseguindo acompanhar a transformação do rio, a sustentabilidade da aldeia e dos seus habitantes é a sua característica rural.