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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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O Gregório é o único leitor na aldeia de Vale de Açor, desde que as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra por aqui atravessam. Na permanência da biblioteca ambulante sempre reclinada na paragem dos transportes públicos, é o único que leva e devolve histórias. Ainda assim as histórias superam os transportes públicos, a estrutura que abriga os aldeões que pretendem partir, nunca teve presenças no período de aproximação às histórias. Leitor dedicado, também ele tem histórias, quando incorporou um dos muitos batalhões que lutaram nas antigas colónias. No café do qual é proprietário, presas e emolduradas algumas fotos são testemunhas dessas memórias que nunca esquece, que prosseguirão até ao final da vida. A manhã segue o seu curso, no interior da biblioteca ambulante o ar é agradável, aptece prolongar a estadia na companhia das histórias. O vento quis ler, as páginas do jornal Público abriram-se, um artigo no qual me firmei, dedicado ao encadernador Ilídio, homem que salva histórias, antigas e contemporâneas, danificadas, que precisam de melhorar o seu aspecto, ( cirugia estética ), querem voltar a seduzir outra vez. O manuseamento ao longo dos tempos, esquecidas nas prateleiras de bibliotecas, em mãos delicadas, rudes, grandes, pequenas. leituras que causam aprendizagem, conhecimento. Realidades e ficções, comovem e alegram todos os que lêem, desgastaram-se, só a intervenção de um especialista as pode salvar. Rodeado de guilhotinas e prensas este homem através da sua arte mantém a esperança na continuidade da leitura destas histórias. Os cartões as cartolinas, tesouras, agulhas, facas, alicates, réguas, eaquadros, lápis, pincéis, colas, tecidos, peles, cordas e fios, são os objectos participantes na recuperação das histórias. O Ilídio faz o resto com muita perícia e paciência, muitos tesouros da literatura cruzam a sua vista, histórias de relevância sentimental, histórica, de valor monetário, transpõem séculos, são histórias viajantes.

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