Irão para a biblioteca das memórias ...
As nuvens são vagas no céu, a rebentarem nos meus olhos, o mar está agitado, as histórias a areia onde os leitores molham a curiosidade. O pior já passou, foram momentos de muita ventania com chuva e vento à mistura nos últimos dias. A temperatura obriga-nos a vestir roupa de verão, as portas abertas na biblioteca ambulante permitem que a escassa corrente de ar penetre, que os leitores avistem as palavras espreitando por detrás das brochuras. Com muita vontade de embeberem a curiosidade dos leitores. Que as páginas das histórias nunca se fechem, tal e qual, como se fecha a porta de uma casa. É difícil desfazer os copos, os pratos, os talheres, as travessas onde abundou a comida, a mesa, onde se disseram verdades, onde se disseram mentiras, onde as histórias correram atrás umas das outras. Falta pouco para terminar a história, o último capítulo, o mais difícil para mim, nesta história, está cheio de incertezas, um pouco como as nuvens, a fragmentarem-se violentamente na minha pessoa. Quando fechar a porta da história, não voltarei a sentir as emoções desta reunião de folhas de papel. Nunca mais lerei as histórias onde cresci a gostar das pessoas a ser o que sou hoje. Irão para a biblioteca das memórias, onde os mares, no tempo, as trarão e levarão, para evitar que se esvaziem, naqueles que virão.