Isto ainda existe
As barracas ocupam o lugar onde as histórias acontecem no Tramagal, fito rapidamente ao conduzir a biblioteca ambulante na direcção do infantário. Instantaneamente prevejo outro local para permanecer quando regressar. Também ao redor da escola o recinto está mudado, é excessiva a presença de adultos, percebo que hoje se realiza a festa de Natal, são muitos os pais e avôs, e outros familiares. As histórias dos mais pequenos não sairão das estantes, a tarde para eles é com outra magia, estarão atentos à peça de teatro, inquietos pela presença do Pai Natal, pelas ofertas deste. Mulheres a trajar de avental, não param de um lado para o outro, o lanche é reforçado com guloseimas, tem de ser uma mesa digna de festa com honras ao São Nicolau ( noutros anos foi o Menino Jesus ). A iluminação no interior da biblioteca ambulante, não é indiferente a quem anda por perto, já são alguns anos de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, e continua a motivar curiosidade. Tem dias que parece uma carrinha do outro mundo aos olhares dos mais distraídos, até mesmo nos que são leitores assíduos, vejo estampada a perplexidade nos seus rostos. Claro, para eles as bibliotecas ambulantes, foram utéis no século passado, não havia tecnologia que possibiltava outros passatempos que ofuscam a leitura como nos dias que correm. Possuíam suportes, as da actualidade também os têm e com acessos mais rápidos, apêndices que os ajudaram a crescer, autênticos auxiliares na educação no desenvolvimento cultural e como pessoas. Quando chocam com a biblioteca itinerante, numa aldeia qualquer, questionam em voz alta! Isto ainda existe?