Ler não existe
O nevoeiro esconde o rio, á medida que me aproximo caminhando apressadamente o caudal, a ponte, estão á frente dos meus olhos, como sempre ali estiveram. Os patos Mandarins procuraram outras margens para se espreguiçarem e aquecerem, o sol mais alto mostra-se, o brilho encadea, desvio o olhar e continuo... Com as nuvens a instalarem-se, o padeiro a parar a carrinha na aldeia da Ribeira do Fernando, a biblioteca ambulante exaspera por leitores. São mais as mulheres que se juntam em redor do padeiro, segurando sacos cheios de pão, do que leitores que se acercam da biblioteca pegando sacos com livros. A fome de ler não existe, nunca foi alimento de primeira necessidade para esta gente. O pão é sempre o propósito para trabalhar, muitos desde pequenos. Até evitaram seguir os estudos, primeiro o trabalho e o pão, como seria se as letras, e as histórias estivessem em primeiro lugar?