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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Transitando numa das estradas que leva a biblioteca ambulante ao encontro dos leitores observo ao longe alguém caminhando na berma da estrada de braço erguido com a mão oscilando de um lado para o outro em saudação. Mais próximo reconheço um leitor, efusivamente não parava de acenar à biblioteca, abrandei retribuindo o gesto simpático. Uma chuva miudinha apoderou-se à chegada em Martinchel, a perseverança da água inunda a tarde, não impede as pessoas de realizarem trabalhos exteriores. Não faz frio, está agradável apesar de tudo. Andam bem próximos das histórias a desmontar os enfeites que iluminaram o exíguo largo durante o período do Natal. As figuras representativas da quadra regressam a um armazém onde permanecerão até ao próximo aniversário do nascimento de Jesus. Desprezadas meses na escuridão, voltarão para relembrar a festa, com as histórias o intervalo é mais curto, embora a quantidade de adoradores seja abissal, aqui na aldeia. Esporadicamente aparece um ou outro, as histórias dão sempre nas vistas em qualquer lugar, chamam parcos idolatras,  não estão na manjedoura abarrotando de palha, não necessitam do burro, da vaca e do boi para receberem calor. Os reis Magos são os leitores que oferecem sentimento de reconhecimento pela acção da biblioteca ambulante nas suas aldeias, as histórias que transmitem, as suas experiências de vida, os costumes das aldeias. A chuva mais pronunciada não trouxe leitores, atraiu a noite.