Montado na biblioteca ambulante, escudado ...
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No tempo em que Filipe II de Espanha ou Filipe I de Portugal, no período em que a corte se instalava em Tomar, talvez, Cervantes tivesse percorrido o território das aldeias da minha terra, após ter navegado na principal estrada fluvial da Península Ibérica, o rio Tejo. Ou pode não ter acontecido assim, pois na imaginação do autor, na loucura do cavaleiro fidalgo, nas aventuras com o seu fiel companheiro Sancho Pança, não menciona na sua obra, não percorreram as terras lusas. Se a imaginação atravessasse a fronteira, com D. Quixote e o seu escudeiro a calcorrearem pelas aldeias da minha terra, sem pessoas, com o primeiro empunhando a comprida lança, enfrentando a solidão e o isolamento ao mesmo tempo. Combatendo os heróis da actualidade, que não se vêem a olho nu, mas continuam presentes, apesar da imaginação do autor os tentar travar em combate. Sem lança e Sancho Pança, com as armas que lhe foram atribuídas, o viajante das viagens e andanças, com livros, montado na biblioteca ambulante, escudado por leitores, encara estas personagens reais. Os moinhos são engenhos do passado, o vento não consegue mover as suas velas de pano. As mesmas que levaram mareantes, muitos deles oriundos do interior, dos lugares, nem aldeias eram ainda. As pedras das mós, moem o silêncio, actual alimento nas aldeias da minha terra. Embora, não desaparecesse o ruído das páginas dos livros, as velas de papel, a mover os pensamentos, continuam no seu movimento, a defender as pessoas das aberrações.