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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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O vento é soberano nas aldeias da minha terra, o horizonte não está totalmente aberto. Um pouco embaciado, há nuvens aqui e ali, espreguiçando-se no céu. O vento chamou-as, deram boleia aos leitores, ainda não vi nenhum hoje, nas viagens e andanças. Andam devagar no céu, está uma sobre a biblioteca ambulante, protege-a por momentos, da bola de fogo que paira no ar. É bom quando as nuvens substituem os panos de lona. O resultado de fazer a vez, é o mesmo que os leitores sentem ao lerem histórias. São as histórias que substituem viagens físicas, impossíveis de se realizarem, acontecimentos no passado, contemporâneos, que não conseguimos presenciar, não fosse a descrição, a imaginação, nas palavras fixadas pela tinta na linha que une o céu à terra. No teatro os actores falam as palavras das histórias, relacionam-se, num cenário idêntico ao descrito por estas. Tomam o lugar dos personagens das histórias. Não há ninguém para trocar com os leitores que não vêm. Só o vento entra na biblioteca ambulante, sacode as páginas das histórias, faz a vez dos leitores ausentes. Cria dinâmicas nos personagens, iludindo-os, estão a ser sobrevoados por olhares experientes. Ficam entusiasmados por serem caçados, como as presas das aves de rapina. Primeiro observados no alto dos céus, interpretados nas acções, nas páginas, e capturados rapidamente para os locais de nidificação. São processos de construção a acontecerem, nos que lêem histórias, na cabeça do viajante das viagens e andanças.