nada que o vento não consiga...
Está frio na aldeia, em S. Facundo as pessoas na rua estão a tiritar. A aragem fria obriga a aceitar um casaco para proteger os leitores na deslocação à biblioteca ambulante. Não é o caso do viajante das viagens e andanças, vestido com um pólo e umas bermudas. Apresenta uma pele de galinha, não podia exibir-se de outra maneira, estático, sentado no banco, onde recebe os que buscam histórias. O sol não responde aos que estão debaixo dos seus raios de acção. O vento frio continua na aldeia da Barrada, não proibiu uma leitora de surgir. Primeiro, disse, venho ve-lo, saber como está, sem desprender o olhar das histórias, ultimamente lia histórias editadas no seu tempo de juventude. A cabeça não pode parar, diz-me motivada. Entrou, o que tem aí de novo, perguntou, acompanhei-a na escolha da história, acabei por ser eu a seleccionar. A aldeia por estes dias tem a sua festa anual a decorrer, os sinais são visíveis nos enfeites perpendiculares, presos, nos telhados das casas que ladeiam a rua principal da aldeia. O vento é um intruso indesejado nestes dias festivos pela perca de calor. Inversamente, traz o calor, nas famílias reunidas, no reencontro de amigos, no entusiasmo a comerem e beberem, ao som da música. Como um truque de magia a decorrer, o largo ficou cheio de automóveis, com os ocupantes a dirigirem-se em direcção ao café Areias. De seguida atravessa o largo, a carrinha com os elementos da banda que irá animar a festa, mais logo. Tudo isto a acontecer, quando, antes, só o vento se fazia ouvir, os seus murmúrios. Tanto corrupio num curto espaço de tempo, nada que o vento não consiga soprar. Deixando os velhos de mão dada com a solidão outra vez.