Nesta longa viagem
O rigor da tarde obriga a cuidados, água fresca na geleira da biblioteca ambulante, o viajante das viagens e andanças irá escorrer algum líquido, e precaução é boa conselheira, no cais onde têm início as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra a temperatura na sombra está nos 34º graus. Em plena estrada, onde as trajectórias surgem para a direita e esquerda e assim sucessivamente, reduzo a velocidade, na dianteira segue um casal de ciclistas, ultrapasso e sigo até à recta onde duas marcantes árvores dão sombra a quem transita, estaciono na berma larga que ali existe, aguardo pelos ciclistas. Primeiro ele, o rosto transmite esforço depois ela, sorriso rasgado, questiono ao primeiro se necessitam de enviar mensagens no portátil, com um ar surpreso respondeu negativamente, continuaram a viagem pedalando num ritmo vigoroso. Recomeço a viagem com a biblioteca ambulante na companhia das histórias, consciencial de ter realizado uma interrupção no percurso, na acepção de colocar á disposição de outros viajantes meios tecnológicos com os quais poderiam ter tido acesso a qualquer lugar do planeta, nem que fosse um escasso repouso a folhear as páginas dos periódicos obtendo informação actualizada. Na aldeia do Crucifixo, o termómetro informa a falta de vergonha da temperatura, 40º. No Tramagal a pequenada nunca falta ao aceno das histórias, em fila despontaram juntamente com a professora a comandar. Ainda na vila, no largo onde os majestosos plátanos ainda recebem clorofila, dois pequenos leitores já aguardavam as histórias, escrevo leitores, o interesse e conhecimento demonstrado de algumas histórias indiciavam a iniciação nesta longa viagem e aventura que os acompanhará para o resto das suas existências a leitura. Com as inscrições concretizadas, farão parte do grupo de leitores que constantemente se abeiram da biblioteca nas suas viagens.