Nunca deixaram de estar presentes
Ontem ao entardecer previa que o dia de hoje eclodia nebuloso, desanimado talvez, para outra manhã de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, avesso a esta condição estão as histórias e o viajante das viagens e andanças. Na biblioteca ambulante ultimam-se detalhes antes de rumar à aldeia da Foz, uma viagem ao fim do mundo, não, um modo de escrever a longa distância do sítio para onde me dirijo, um pouco mais à frente o concelho da Chamusca. Tudo corria na perfeição, quando logo depois do Vale de Cortiças, sou apanhado de surpresa pelo corte de míticas árvores, pelo menos para mim, que as observava desde que me lembro ser gente. Enormes eucaliptos não conseguiram resistir às afiadas lâminas, decepados pela base, desapareceram, nunca mais os vou ver a ladear a estrada, protegiam do sol o tráfego, davam brilhantismo ao trajecto. Não se faz nada, deixa-se andar, ou então existe demasiado rigor, exagero nas accões, neste caso, a limpeza dos matos, estou plenamente de acordo, mas acertar a floresta não é exterminá-la, a natureza brinda-nos com o seu cunho, essas árvores foram isso para todos nós, para quem habita aqui, quem circula todos os dias neste lance. Cheguei com o sol a romper a cortina de nuvens, as histórias mostram-se optimistas, dois três leitores, que nunca deixaram de estar presentes, de eleger as narrativas preferidas, de ser felizes!