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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Cruzei-me com o peixeiro a meio da viagem para a Aldeia do Mato, a biblioteca ambulante e a carrinha do peixe são velhos conhecidos nas estradas das aldeias da minha terra. O peixeiro e o viajante das viagens e andanças incansáveis à procura de fregueses, o primeiro a buzinar uma melodia conhecida de todos, alertando as populações da sua aproximação, o segundo no veículo de cor amarela,  com as flores e os monumentos expressados na carroçaria, manifestando a chegada das histórias às aldeias. A aldeia está ainda na ressaca da festa anual, os vestígios são muitos, os enfeites coloridos, oscilando na tábua suspensa do tempo, as matrículas estrangeiras dos automóveis estacionados, exprimem o último acontecimento na povoação. O verão também traz forasteiros à sua praia fluvial, os automóveis percorrem a rua principal atrás uns dos outros em direcção ao rio. Do interior destes há quem continue a olhar para a biblioteca ambulante, como se fosse do outro mundo, leram, ouviram histórias destas máquinas de levarem livros às pessoas, nunca tinham visto uma tão próxima. Reduzem a velocidade, admiram a mensagem estampada, afastam-se dando sinais de aprovação nos sorrisos. Vão, informem quem não sabe, não viu, a boa nova, da presença de uma biblioteca ambulante na aldeia onde foram felizes um dia de verão. Após expulsar a manhã agradável, a tarde chegou quente à aldeia de Martinchel, os leitores apareceram ao mesmo tempo do vento corajoso e ameno.