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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

O reconhecimento que lhes devo

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A tarde esmorece na aldeia do Vale das Mós, ao mesmo tempo que uma aragem fria toma conta  do viajante das viagens e andanças. Para se defender, recorre ao café quente depositado num termo, ao entornar a bebida ainda fumegante, é surpreendido, o líquido queima-lhe a língua, pensa raios e coriscos, mas tudo passa quando se sente confortado com a temperatura do seu corpo estabelizada. Mulheres já com alguma idade, deslocam-se em grupos de duas, trés, dirigem-se para o Centro de Dia, onde funciona um infantário, os pais não podendo por motivos profissionais ir ao encontro dos filhos no encerramento da escola, são substituídos pelas avós. À minha frente o José estica o seu braço para alcançar as histórias, não são impossíveis de agarrar, estão ali mesmo nas estantes, diante dos olhos de quem as queira ver, quietas. Só eu sei  quanto elas desejam que o José e outros leitores as convoquem para suas casas, Só eu vejo a inquietação, não param, os títulos, as capas ilustradas, a darem nas vistas para que sejam elas as seguintes a serem escolhidas. Só eu sei  quanto as suas letras, as suas palavras e frases, enclausuradas, emagadas no miolo das histórias,  ambicionam que as leiam. Só eu sei a satisfação, o prazer, de quem leva histórias, só eu sei o reconhecimento que lhes devo, por serem o que são!

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